Nossa experiência em Agricultura de Precisão (AP) iniciou em 1999 com o Projeto AP firmado com a FUNPAR (UFPR).
Obtivemos as bases técnico-científicas para prestar serviços de mapeamento nutricional (MN) e posterior aplicação de corretivos e fertilizantes em taxa variável.
Até o ano de 2015, usando a metodologia de GRID, realizamos as coletas de solo e as correções necessárias. O objetivo era elevar a fertilidade das áreas para níveis altos, garantindo, assim, produtividades elevadas.
Começamos a questionar essa filosofia de trabalho ao sermos questionados pelos nossos produtores: “Estamos mantendo a fertilidade do solo com altos níveis de nutrientes, mas nossa produtividade e rentabilidade estão aumentando?”. Essa indagação era recorrente. A metodologia utilizada para responder a essas questões consistia em sobrepor os mapas de colheita aos mapas de fertilidade. Em algumas safras, havia correlação entre altos teores de nutrientes e altas produtividades, mas era muito frequente a ausência dessa correlação. Em muitas safras, as zonas de alta produtividade coincidiam com áreas de baixa ou média fertilidade.
Iniciamos, então, trabalhos internos de pesquisa para estudar essas questões. Correlacionamos mapas de fertilidade, de condutividade elétrica do solo, de NDVI e mapas de colheita.
Passamos dois anos trabalhando, e a luz surgiu após uma consultoria com o Eng. Agr. Fabrício, da Fundação ABC. A partir daí, o processo ganhou velocidade e conteúdo.
Ele nos apresentou a ferramenta de Análise de Cluster, um procedimento estatístico multivariado que serve para identificar grupos homogêneos de dados com base em variáveis ou casos.
Em 2018, passamos a usar as seguintes variáveis, todas com altíssima correlação com a produtividade: condutividade elétrica do solo (CE), medida pelo VERIS; NDVI de feijão, cevada e trigo, medidos por sensores terrestres; NDVI de milho, via satélite; mapas de argila e mapas de colheita.
Adquirimos o equipamento VERIS em 2018 e iniciamos os trabalhos.
A metodologia é a seguinte: medição da CE, envio dos dados para a Fundação ABC, que elabora os mapas de zonas de amostragem. Em seguida, coletamos amostras de solo por zonas e elaboramos os mapas de fertilidade e de aplicação de corretivos. A próxima etapa é adicionar os mapas de NDVI e os mapas de colheita no software de Análise de Cluster.
Assim, temos em mãos os mapas de Zonas de Manejo, que são atualizados anualmente com a adição de novos dados relacionados à produtividade.
Toda essa introdução foi importante para mostrar o processo que percorremos até elaborar as Zonas de Manejo. Nossa expertise nos trouxe até aqui, e isso nos permite hoje fazer mapas de semeadura de milho em taxa variável de adubo e semente.
Com os mapas de zonas de manejo prontos, nossa próxima pesquisa foi estabelecer a melhor população e adubação de milho para as zonas de alta, média e baixa resposta. Para tal, usando critérios agronômicos internos, agrupamos as várias zonas de manejo de uma gleba (é comum uma gleba ter de 8 a 10 zonas de manejo) em três classes: Alta, Média e Baixa resposta.
Para responder a essas questões, iniciamos, em 2019, pesquisas com a Faculdade de Agronomia da Univ. Estadual de Ponta Grossa (UEPG). De 2019 a 2022, estudamos a resposta das populações (60.000 a 91.000 pl/ha) e adubações correspondentes nas zonas de alta, média e baixa resposta.
As respostas em produtividade e lucratividade foram lineares e crescentes, conforme podemos ver nos gráficos 1 e 2 abaixo.
Isso nos levou a aumentar a variação de população nas safras de 2020 a 2022 (86.000 a 154.000 pl/ha). Os resultados foram excelentes, conforme mostrado no gráfico 3. As melhores rentabilidades ficaram entre +28% e +43% acima da população padrão, considerando a resposta nas zonas de alta, média e baixa resposta.
A partir de 2019, com os dados preliminares em mãos, iniciamos as recomendações de plantio em taxa variável de semente e adubo para milho.
Com os mapas de zonas de manejo e nossa expertise agronômica, conseguimos agregar valor ao produtor, utilizando o critério de investir mais onde haverá maior retorno e menos onde o retorno será menor.
Na figura 4, abaixo, podemos ver um exemplo real de retorno dessa ferramenta. Na Fazenda Santa Carlota, em Palmeira, houve ganhos de R$ 598/ha a R$ 908/ha ao comparar os resultados das zonas de alta e baixa resposta com a zona de média resposta (considerando a população e adubação usuais do produtor).
A Embrapa publicou recentemente um artigo de pesquisa sobre esse assunto. Na avaliação da Embrapa, houve um ganho de 8% na produtividade com a utilização dessa ferramenta. Matéria na íntegra aqui.
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